Passam poucos minutos das 8 horas da manhã e o entra e sai na sala é grande. Trazem malas, mochilas, cadernos, dossiers, papéis, canetas, computadores. O passo é apressado, o ritmo parece frenético antes mesmo do toque. Puxam das cadeiras com o cotovelo porque as mãos, braços e até as pernas estão ocupados com a parafernália de acessórios que trazem para fazer aquilo que mais amam: ensinar. Não, não estão carrancudos. Apesar de terem saído tarde no dia anterior, depois de terem cuidado das suas famílias, de aconchegarem os seus próprios filhos nas camas, de arrumarem as suas casas, de terem ficado até altas horas no computador a prepararem a matéria do dia seguinte, apesar disto tudo entram de manhã com um sorriso. Um sorriso de quem vai mais um dia cumprir a sua missão.
Retiro o meu computador da pasta ainda lentamente. Procuro encontrar o ritmo e o sítio das coisas. “A colega precisa de ajuda? Se precisar é só dizer”. Agradeço com um sorriso. Fico a admirar todas aquelas pessoas que vão preparando tudo ao detalhe antes mesmo de irem para as salas. Tudo isto enquanto são interrompidos por miúdos com perguntas, pedidos e exigências. São estes os nossos professores. Foram estes os professores que encontrei. São mais do que pessoas que passam matéria. São um pouco também de pais destes miúdos, são também conselheiros, psicólogos, enfermeiros. Ali há exigência e carinho, há ralhete e abraço, há respeito e colo. Esta capacidade de educar fascina-me. Tenho uma grande admiração por todos. Por conseguirem estar ali todos os dias a cumprirem tantos papéis num só.
Este ano letivo estou a dar aulas a mais de 100 miúdos dos 9 aos 18 anos. Há dias em que me desafiam, há dias em que me fazem rir até não aguentar mais. Há dias em que me deixam cansada, há dias em que me fazem amar todos os minutos que estou com eles. Nesta montanha russa de ensinamentos e afetos, percebo o que é ser professor. Percebo como muitas vezes são subvalorizados, como se exige tanto deles e já fazem tanto mais do que, supostamente, lhes devia competir. Muitas vezes é na escola que as crianças encontram a educação e as balizas que não têm em casa. E também os professores têm as suas vidas. Também eles são pessoas. O meu profundo agradecimento a todos os professores. A todos os que fizeram parte da minha vida. A todos os que fazem parte da vida dos meus filhos. A todos os que agora partilham sala comigo. E a todos os que ensinam todos os nossos alunos. Obrigada por tudo o que fazem. Para mim, vocês são uns heróis!
Como colega só tenho uma palavra para lhe dizer: Obrigada
Tenho quase 30 anos de serviço e estou completamente desanimada com a forma mcoo temos sido tratados ao longo dos anos.