Os bancos estão a voltar a apostar no crédito à habitação. A guerra de ‘spreads’ não é a de outros tempos, em que chegámos a ter taxas de 0,29% ou mesmo a 0%, durante um determinado período, mas voltou a dar sinais de concorrência.
É compreensível a razão pela qual os bancos lutam tanto por clientes para este produto. É que estamos a falar de conseguir fidelizar um cliente durante décadas, com possibilidade de fazer vendas cruzadas de produtos. Além disso, é um empréstimo que tem garantia, ou seja, a casa. Tudo isto torna o produto apetecível para os bancos. Por isso, não é de estranhar que logo aos primeiros sinais de um banco começar a fazer campanha de crédito à habitação surjam outros com ofertas concorrentes. E é isso que tem vindo a acontecer.
Neste momento, há bancos que recomendam crédito à habitação com taxa fixa (e isso vou deixar para um outro texto), outros que prometem ‘spreads’ mais baixos e há até instituições financeiras que prometem suportar os custos de transferência do crédito, piscando assim o olho também a clientes que estejam noutros bancos.
Para quem está a pensar comprar casa, ou quer mudar de banco para conseguir melhor preços, a questão que se coloca é: qual o melhor crédito à habitação do mercado?
Claro que há vários pontos que se devem ter em atenção e um dos principais é o ‘spread’, ou seja, taxa de juro que acresce ao juro de mercado – Euribor – e que, na prática, representa a margem de lucro dos bancos.
Assim sendo, e até para facilitar a comparação entre as condições oferecidas pelos 11 principais bancos a operar em Portugal, concentrei tudo num quadro. O Deutsche Bank não foi tido aqui em conta porque, segundo o preçário, só estará a praticar crédito a taxa fixa. Aqui reuni apenas os créditos à habitação a taxa variável (Euribor + Spread).
Quem tem acesso ao spread mínimo?
Apesar de todas as insituições financeiras estarem a praticar ‘spreads’ mínimos abaixo de 2%, a verdade é que este valor não é para todos. Os bancos exigem um conjunto de requisitos para se ter acesso ao ‘spread’ mínimo. Ou seja, não é algo que qualquer pessoa tenha acesso porque depende do risco que representa para o banco. Alguns bancos apenas concedem o ‘spread’ mínimo a clientes com um determinando montante de rendimentos, outros cujo empréstimo seja superior a um valor, mas a grande maioria depende do rácio financiamento/garantia.
A importância do rácio financiamento/garantia e da avaliação
O rácio financiamento/garantia é denominado, em inglês, como loan-to-value (LTV). Na prática, significa o peso que o empréstimo tem em função da avaliação do imóvel. Hoje em dia, a não ser nos imóveis dos próprios bancos, as instituições financeiras já não emprestam a 100% do valor da avaliação. Isso significa que quem quer comprar casa já tem de ter uma entrada. Olhando para a tabela verificamos que a maioria das instituições apenas concede crédito correspondente a 80% da avaliação. Ou seja, se o imóvel a comprar estiver a avaliado em 100 mil euros, o banco apenas empresta 80 mil euros. E se durante alguns anos as avaliações andaram a ser “puxadas para cima”, ou seja, se eu comprasse uma casa por 100 mil mas o banco a avaliasse em 125 mil euros, mesmo que o banco emprestasse “apenas” 80% do valor da casa, isso iria corresponder a 100 mil euros, ou seja, na prática estaria a conseguir financiar todo o valor da casa. E é por essa razão, que a avaliação é relevante no empréstimo, já que será determinante para o rácio financiamento/garantia e, logo, poderá significar, nalguns casos, conseguir ou não a aprovação do crédito.
Para quem está a pensar em fazer um crédito à habitação, ou mudar de banco, peçam várias simulações e façam bem as contas. A título de exemplo, num empréstimo de 100 mil euros a 40 anos, uma diferença de 1% pode significar 50 euros a menos. E, feitas as contas, no final do empréstimo poderá ter poupado mais de 35 mil euros. Acreditem que, para quem ter crédito à habitação, se há poupança significativa e que merece ser negociada é nestes empréstimos.
Aproveito ainda para vos dizer que esta e outras matérias serão também abordadas no Workshop Intensivo de Finanças Pessoais, que irá acontecer a 3 de Dezembro, em Lisboa. Será uma boa oportunidade para esclarecerem muitas dúvidas. Para conhecerem as condições e saberem mais informações basta enviarem um email para [email protected].
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Espero ter-vos ajudado. Partilhem!
Ana,
Depende sempre do ‘spread’ que tem no contrato antigo, se for um ‘spread’ alto e o ‘spread’ oferecido na nova instituição financeira for mais baixo acaba por compensar. Isto porque não é só a Euribor a 3 ou 6 meses que estão negativas.
A Euribor a 12 meses, que serve atualmente de referência em praticamente todos os novos contratos dos banco, também se encontra negativa.
Exemplo das médias mensais de Outubro (que servem de referência aos contratos feitos, ou revistos, em Novembro):
Euribor a 3 meses: -0,309%
Euribor a 6 meses: -0,207%
Euribor a 12 meses: -0,069%
Ou seja, a diferença entre a média da Euribor a 3M para a de 12M é de 0,240%.
Basta conseguir uma redução superior a este montante e já compensa. Imaginando que no contrato antigo até tem a Euribor a 3 Meses mas tem um ‘spread’, por exemplo, de 3%. E que novo contrato até vai ter de ficar com a Euribor a 12 meses, mas consegue 1,25% ou até mesmo 1,9%, já está a poupar porque a taxa final é menor. (TAN = 2,691% no contrato mais antigo; TAN = 1,181% no novo contrato).
Claro que para quem tem ‘spreads’ de outros tempos, ou seja, de 0,29% não compensa mexer. Porque a questão do ‘spread’ negativo põe-se mais no caso de quem tem ‘spreads’ muito baixos. Mas isto tudo é uma questão de fazer as contas, porque pode mesmo compensar.
Obrigada, Sm’s.
Mas a mudança de banco ou mesmo só a revisão de spread tem que se lhe diga, isto porque os novos contratos não podem ter euribor negativas, como acontece neste momento com os contratos antigos. O que faz com que a mudança muitas vezes não seja interessante, pois desce o spread mas sobe a euribor. Fica tudo na mesma
Muito útil. Obrigada pela Informação.
Sm’s
Obrigada, Me!
Olá Miguel,
Claro que poderei ver consigo essa ou outra situação. A vantagem também dos workshops é essa proximidade e ajuda no esclarecimento das dúvidas.
Obrigada.
Olá Paula,
Ainda bem que a informação lhe é útil 🙂
Obrigada.
Obrigado por mais um post útil.
Ao SAPO, era bom que considerassem mais vezes coisas (posts) úteis, em vez de coisas a ver com “hoje dói-me a cabeça” ou “estou triste porque está a chover”.
Bom dia.
Caso vá ao workshop será que me podia analisar uma situação do meu crédito da casa e também um pessoal?
Obrigado e continuação de bom trabalho
Esta informação calha-me mesmo bem nesta altura. Obrigada pelo trabalho.