O meu filho mais velho é super poupado [quase um Tio Patinhas]. Todos os euros que recebe guarda-os religiosamente no seu mealheiro e evita ao máximo gastar dinheiro. Para ele, se forem os pais a comprarem coisas em vez de gastar do dele tanto melhor. Ele diz que está a poupar para comprar um carro quando tiver 18 anos. Eu acho excelente que ele pense assim e que tenha já o seu objetivo de poupança. No entanto, este fim de semana houve um rombo no capital do pequeno que o deixou completamente desolado. Passo a explicar:
Ter dois rapazes com idades próximas, com uma cumplicidade imensa e uma energia que parece não acabar é sinónimo de muita “animação”. Pois bem, estavamos a preparar-nos para sairmos quando o mais pequeno vem a chorar a dizer que o mano lhe tinha feito uma pinta nos sapatos. Quando olhei para ele lá estava a pinta nos sapatos e…a camisola toda a riscada! Eu nem queria acreditar. Era a segunda vez que ele riscava a camisola do irmão. E não é um risquinho. É toda uma obra de arte em caneta preta:
– O que é que tu fizeste à camisola do teu irmão? – perguntei enquanto arregalava os olhos.
Encolheu os ombros, começou a olhar para baixo, a fazer olhinhos de gato do Shrek, e abanar o pé como quem foi apanhado e não estava a ver como se ia livrar do raspanete.
– É segunda vez que riscas as camisolas. Não podes andar a estragar roupa. Sabes que custam dinheiro e o dinheiro custa a ganhar? – disse-lhe.
Foi então que o informei:
– Para aprenderes de vez que isto não se faz, até porque é a segunda vez que acontece, agora vamos à loja e vais comprar duas camisolas com o teu dinheiro. Sim, isso mesmo. Vais tirar do teu mealheiro o dinheiro e vais pagar as camisolas ao teu irmão.
– Não vou nada. Ninguém vai gastar o meu dinheiro – tentou ele ripostar.
– É que nem penses. Andas a estragar roupa então vais perceber como custa.
(Começou a choramingar mas eu manti-me ali firme)
Lá fomos ao centro comercial e depois de escolher as camisolas eu separei as que ele tinha de pagar.
– Eu não vou gastar do meu dinheiro. – reforçou.
– É que nem há conversa. Estragaste, pagas. Garanto-te que nunca mais te esqueces que a roupa não é para riscar e estragar de propósito.
Ele baixou os olhos e lá fomos para a caixa. Depois de registar as camisolas, a senhora diz o preço e eu digo-lhe:
– Vá, dá o dinheiro à senhora.
A dor na cara dele a retirar o dinheiro é difícil de eu conseguir-vos explicar. Parecia que estava arrancar um braço. E para os que possam achar “tadinho do menino”, calma, ele ainda ficou com poupanças. Mas também digo, se tivesse de ficar sem elas para perceber o que fez também ficava.
E pronto, lá viemos todos contentes. Ele andou amuado durante 1 hora mas depois passou-lhe. Ele diz que aprendeu a lição e que nunca mais vai riscar a roupa. E eu acredito que sim. Fiquei tão orgulhosa de mim. E porquê? Porque muitas vezes amoleço com eles. Porque acabo por deixar passar algumas coisas. Mas desta vez tinha de ser.
Ele agora já está a pensar em estratégias para repôr o dinheiro. Se calhar vou recomendar-lhe ler o blog As Dicas da Bá! 🙂
Parabéns 🙂
Adorei a descrição dos acontecimentos, parece que estava a viver o momento do seu filhote a retirar o dinheiro para pagar.
Assim, não se esquecerá do que pode ou não fazer 🙂