Toca o telefone. Não reconheço o número e atendo: “Estou…”
Do outro lado não fala ninguém e insisto: “Estou sim…”
Finalmente, do outro lado da linha uma voz familiar: “Estou mãe, fala aqui da escola. É a professora L.”
– “Olá professora, tudo bem?”
– “Mais ou menos, mãe”. O meu coração desacelera…
– “Então, o que é que se passa?”, pergunto.
– “É o nosso pequeno. Ele estava a brincar lá em baixo…”, e eu interrompo com um longo “siiimmmmm…”.
– “Sabe eles são rapazes, e estavam a correr para a balizar e depois houve um choque”. E eu insisto: “siiimmmm” (na minha cabeça já só fico à espera de ouvir qualquer coisa do género, partiu isto ou aquilo)
– “E ele bateu com a cabeça e fez um corte no olho”. A professora sem me deixar falar continua a dizer “é um corte pequenino no sobrolho. Mas está a deitar sangue e ele chorou muito e se calhar o melhor é ser visto”.
E eu só respondo: “Ok. Vou já buscá-lo”. Este é o tipo de telefonema que sempre que ligam da escola ficamos com receio de receber. Não é à toa que a primeira coisa que dizem é: “mãe, é da escola mas está tudo bem”. E depois lá dão o recado. Mas desta vez não estava tudo bem. O meu pequeno tivera o seu primeiro (espero que único) acidente escolar que implicava uma deslocação ao hospital.
Pus-me no carro e qual mãe com asas, qual quê. O carro parecia o Batmobile. No caminho só pensava no meu pequeno. Em como devia estar assustado. O facto de não ter partido nada tranquilizava-me. Mas precisava de lhe dar mimo. Em menos de nada cheguei à escola. Lá estava ele sentado a choramingar. Quando me viu largou num pranto. Tinha um bloco de gelo com um papel. Quando retirou para mostrar lá estava o malandro do golpe no sobrolho do meu pequeno. À partida não parecia ser grave mas nada como ir ao médico até porque talvez precisasse de um pontinho.
Cheguei ao hospital e ainda tive uma cena engraçada (que não teve graça na altura). A senhora da recepção viu-me a retirar a senha e eu com ele ao colo (e ele já não é leve), percebe o meu olhar, desvia o telefone e diz: “tem de esperar um bocadinho”. Ao que eu respondo: “Não pode é ser muito porque está com isto aberto”. Pronto, a senhora lá percebeu que era melhor desligar o telefone. Entrou para a triagem e depois entrou direto para ser visto. Com muito choro e gritos lá limparam o corte e a coisa resolveu-se com uma espécie de uma cola cicatrizante (eu só pensava, o jeito que isto tinha dado no meu tempo quando jogava hóquei em patins. Sim, porque cheguei a jogar com pessoas que depois de boladas e stikadas punham apenas uma ligadura e jogavam de cabeça aberta. Grandes malucas!).
Depois da cola, de ser visto lá recebeu alta e acabámos por ir os dois almoçar aos hamburgueres, até porque ele precisava de um miminho. Felizmente não foi nada de grave e já anda aos piparotes. Aguenta coração de mãe!
Obrigada. Coração de mãe tem de ser forte 🙂
Quando telefonam e dizem é a mãe do…. Aí Meu Deus, que me dá uma coisa. As melhoras.
Quando o telefone toca e é da escola o coração fica logo acelerado. Obrigada Carla.
Obrigada, Maribel. E sim, faz tudo parte 🙂
Deve ter sido um sufoco! O que vale é que também reagem rápido, melhor que nós 🙂
Mimo de mãe cura tudo 🙂
Ai esses telefonemas!!! Só queremos ouvir dizer está tudo bem, mas o nosso coração para quando vê o número ou ouve alguém dizer “Estou mãe, fala aqui da escola…”
As melhoras
As melhoras ao pequeno…. faz parte do crescimento!
Bom dia! Quando se recebe esse telefonema parece que o nosso mundo estagna e nada mais importa. Há uns tempos tive uma situação semelhante e quem chorou fui eu porque, o que eu queria ter lá estado para o agarrar e lhe dar logo miminhos…e não estava. Lá me compus e lá fui ter com ele que me contou “ter tido uma aventura. Olha mamã, até deitou sengue!!” Enfim!!! 🙂
Já tive uma chamada dessas. É horrível! Acho que nunca conduzi tão rápido na minha vida. A minha Smartieteen tinha caído e batido com a cabeça na esquina de uma tampa no chão da escola. Partiu a cabeça! Já no hospital enquanto levava pontos, e eu lhe dava a mão, foi uma corajosa e não deitou uma lágrima. Depois de sairmos do hospital, assim que entrei no carro, quem chorou fui eu. Preferia que me tivesse acontecido a mim, do que vê-la naquele estado.
Como eu a entendo, sempre que o telefone toca, algo não está bem, pois recados chegam sempre via caderneta, logo fico em sobressalto. O importante é que eles fiquem bem e não há nada melhor que o miminho de mamã pra animar .
Vitória,
Nem me diga nada. Deus queira que nunca receba. O nosso coração fica mesmo apertadinho.
Um beijinho
Bá
Felizmente nunca recebi telefonemas desses da escola 🙂 mas deve ser de facto muito aflitivo.