Eu gosto de carros e adoro conduzir. Para quem não sabe, enquanto jornalista, tive oportunidade de também escrever sobre automóveis e fazer vários testes drives. Experimentei vários carros, de vários segmentos, com diferentes performances e para várias bolsas. Já conduzi nalguns autódromos, estive em Le Mans, usufrui de momentos em carros de corrida como co-pilota de profissionais em pista. E posso dizer-vos, meus amigos, que aquilo sim, é adrenalina. Ainda há uns dias estive a lembrar-me de umas viagens que fiz para experimentar alguns carros bem catitias. E o meu marido sempre se roeu de inveja, que ele também é amante das 4 rodas. E das 2 também. Em todo o caso ainda há alguns na minha wish list que tenho de resolver.
Escusado será dizer que, nestas viagens de jornalistas de vários países, praticamente em 99% das vezes, não há mulheres (pelo menos era assim no meu tempo. Se calhar agora é só 95%). Lembro-me de há uns anos, nos primeiros eventos automóveis, chegar e ficarem todos a olhar para mim. Do género: “Olha a miúda, coitada. Não deve perceber nada disto”. Uma vez, numa viagem com a Porsche, a Espanha, lembro-me de ter tido uma “claque” de portugueses e espanhóis (só homens, claro) a apostarem em quantos pinos eu mandava abaixo. Aquilo era uma risota pegada.
Entrei no carro juntamente com outro jornalista português, e que era assim mais calminho. Ele começou a notar a minha cara séria e de concentração. E só me dizia: “Ó menina, não ligue ao que eles dizem. Vamos com calma e devagarinho”. Mas eu já estava com a visão em túnel à espera só de ver no canto do olho baixarem a bandeirola. E quando ela baixou meus amigos, cavalos para que vos quero. O meu querido colega ficou pregado, não respirou durante o circuito todo. Eu só pensava que tinha de defender a honra das mulheres. Depois de ter deixado os pinos intactos (houve lá um que só não caiu porque o vento devia estar de sul), de ter deixado o meu co-piloto colado ao banco e de ter feito um dos melhores tempos, saí do carro com todo o meu ego em máximos históricos e só disse: “Nunca duvidem de uma mulher portuguesa ao volante!” Minhas amigas, o orgulho que eu senti. Estava mais inchada que um perú no Natal. Acho que foi a partir daquele dia que ganhei o respeito dos meus pares masculinos. Sim, que esta coisa que as mulheres são umas azelhas a conduzir é algo que me dana. Há homens azelhas, e mulheres azelhas.
Eu conheço muitas mulheres que gostam de automóveis e percebem da poda. Sim, não gostamos só trapos e maquilhagem (apesar que uns bons sapatos e boa makeup fazerem uma mulher nova, adiante…). Estava em conversa com o meu Pedro e começámos a fazer uma lista das 10 coisas que mais gostamos, e valorizamos, num carro. E eu cheguei a esta lista:
1) Gastar pouco combustível. O ideal é que o carro seja poupadinho. Claro que depende muito da forma como conduzimos, da velocidade ou se fazemos mais cidade ou auto-estrada, por exemplo. Hoje em dia já há muita oferta de automóveis com boas prestações ao nível de consumo de combustível. E isso é um ponto que valorizo.
2) Jantes. Sim, é verdade, eu tenho uma pancada com jantes e pode ser suficiente para estragar um carro. Não vos consigo explicar assim em escrita o tipo de jantes que gosto ou não gosto. Mas aquelas jantes com muitos raios, por exemplo, digamos que, normalmente, não reúnem a minha preferência. E é importante porque, gostando de jantes grandes (por exemplo, 17 polegadas), se não vier de série pode ser um custo elevado. Portanto, as jantes têm de criar harmonia no carro e no bolso.
3) Potência/performance. O mesmo é dizer: cavalos e binário. O carro tem de andar. Tem de ser despachado. Não gosto de carros molengões. E podem dizer: “Mas para que é queres um carro que ande muito se não podes andar a mais de 120km/h?”. Porque um carro despachado não é só para andar a grandes velocidades. O prazer de conduzir está em ter ali os cavalos todos disponíveis. Porque há carros que até têm muitos cavalos mas depois o binário é uma treta, logo são menos interessantes para conduzir.
4) Ser espaçoso entre os bancos. Ora bem, uma pessoa é alta, o marido é alto, os filhos para lá caminham. Logo, convém cabermos todos confortavelmente no carro. Eu e o Pedro já temos um ritual quando chegamos a um stand. Eu sento-me no banco da frente, ou ele, ajustamos o banco e outro tenta sentar-se atrás. Se não tiver espaço para as pernas já nem olhamos mais para o carro. Quando não havia filhos a conversa era outra, em todo o caso, se compro um carro com 4/5 lugares quero, no mínimo, que caibam lá as pessoas.
5) Arrumação interior. Este ponto é muito importante. Eu gosto de ter sítio para pôr as coisinhas todas. Seja o telemóvel, a água, as chaves, lenços, o que for. Gosto de ter muita arrumação. O pior que me pode acontecer num carro é ter, por exemplo, uma garrafa de água e não saber onde a colocar e ter de andar ali com a garrafa a rodar no chão. Muita arrumação é essencial.
6) Uma boa bagageira. Eu sempre valorizei o espaço da bagageira mas claro que, com filhos, esta passou a ser um ponto ainda mais importante. É que uma pessoa põe dois carrinhos de passeio na bagageira e já praticamente não consegue ir às compras. Então quando uma pessoa vai de férias, e eles são pequenos, ui ui… Acho que uma camião de TIR não era suficiente. E sim, eu sei que quando eramos pequenos cabíamos todos num micro carro. Por isso é que íamos todos esborrachados entre as bóias, malas e braçadeiras por estradas nacionais até à praia e sem ar-condicionado. Toda uma aventura! Eu até gosto de carros desportivos e descapotáveis – que têm micro-bagageiras – mas agora em versão família bagageira grande é ponto a favor. Depois quando crescerem já posso pôr os cabelos ao vento.
7) Equipamento de série. Este é um dos pontos mais importantes na hora de escolher um carro. É que há carros que eu ADORO mas que depois não trazem quase nada de série. Resultado? Quando começo a juntar os extras todos dava para levar 2 carros de outra marca. Claro que se me sair o Euromilhões este ítem salta. Simplesmente chego ponho o equipamento todo que quero e siga. Mas como ainda não sou Euromilionária este ponto tem um grande peso na escolha de um carro.
8) Design e qualidade dos materiais. O carro tem de ser bonito. Por norma gosto de carros com linhas arredondadas e estilizadas. Um carro que não me seja apelativo, em termos de design, muito dificilmente entra na lista dos favoritos. Além disso, a qualidade dos materiais também é algo que valorizo bastante. A primeira coisa que faço quando entro num carro é passar a mão pelo tablier, abrir e fechar os vários compartimentos, no fundo sentir a qualidade dos materiais. Já tive caso de carros que, em termos de design até gostava bastante mas depois a qualidade dos materiais era tão fraca que tive de os retirar da lista.
9) Dimensão. Eu gosto de carros grandes. Essa é a verdade. Eu também não sou pequenina, logo sinto-me melhor em carros grandes. Claro que na cidade ter um mais maneirinho, para estacionar, dá mais jeito, mas como faço também muita auto-estrada já posso ter carros maiores (bela desculpa). Agora que penso, podiam inventar um carro com uma plataforma móvel. Encolhia, para estacionar melhor na cidade, e depois podia expandir para as viagens maiores. Apanharam a dica senhores fabricantes de automóveis?
10) A cor. Eu sou muito monocromática nos carros, até porque depois penso sempre na parte de um dia quando quiser vender a cor pode ter influência se o carro é mais ou menos vendável. Em todo o caso já conduzi um Aston Martin azul bebé e também um amarelo, e se me tivessem dito: “Se quiseres podes levar esse”. Nesse caso, acho que não me importava muito com a cor.
Depois é pegar nisto tudo e avaliar o custo/benefício, em função do budget. E vocês, o que mais gostam e valorizam num carro?
Acompanhe também a página do Facebook e o Instagram.
Para receberem todas as novidades em primeira mão podem subscrever por e-mail o blog.
Até que concordo mas ninguém se preocupa com a segurança?!!! Um bons travões por exemplo? o ABS já me salvou várias vezes de, pelo menos, bater com o da frente!
Carlos,
Muito bem visto. Em todo o caso esta lista não está por ordem do que considero mais importante. Foi apenas um agregar de pontos assim mais básicos que considero na hora de escolher um carro. Concordo consigo a segurança é um ponto essencial.
Há muitos carros que, para mim, cumprem estes critérios. No entanto, depois há sempre pontos que dependem do gosto de cada pessoa: um carro grande para mim pode não ser muito grande para outra pessoa; o mesmo acontece com a arrumação, espaço na bagageira, etc. Em todo o caso, é possível encontrar um bom ponto de equilíbrio em carros usados, nomeadamente viaturas de serviços. Já encontrei boas oportunidades. Mas nestas coisas é como tudo: depende do gosto, do propósito e do bolso de cada um.
Existe para mim um factor que devia estar à frente de todos: a segurança (pelo menos na minha lista). Apesar de os carros de marcas diferentes estarem bem equilibrados na minha opinião, a verdade é que ainda se nota diferenças no tempo de resposta de travagem, comportamento em curva, diferenças pequenas que na hora do embaraço fazem toda a diferença.
Eu a ler os 10 pontos fiquei a pensar quantos carros correspondem a todos esses critérios. Humm… Serão muito poucos. Mas pelo que disse e bem, são só as bases para começar a avaliação.
Normalmente, o que acontece é que temos que arranjar um compromisso entre o que queremos e o que podemos ter por um preço justo-qualidade e estilo do carro.
Também gostava de ter um carro que correspondesse a todos esses critérios, mas sou mais terra a terra. Talvez pela minha educação e ter crescido com pouco, prefiro comprar um carro sem muitos equipamentos de serie, um meio termo como o chamaria, um carro que me satisfaça razoavelmente, que tenha a maior parte dos critérios que gosto, mas a um preço aceitável que me permita gozar dele em felicidade (ou seja sem um credito as costas por muitos anos. )
É verdade, Nuno.
E eu brinco no que escrevi mas a verdade é que senti discriminação. O pouco que aprendi, e que procuro ir aprendendo, foi lendo ou conversando com familiares que são da área. Da parte dos “pares” que acompanham o sector nunca senti grande vontade de ajudar. É pena porque acho que todos ganhamos com a partilha de conhecimento.
Essa questão da descriminação feminina ao volante tem muito a ver também com o que referiu, 99% delas não se interessam por carros. Assim como 99% não apareciam nesses eventos, na realidade as mulheres que gostam e se interessem por carros são mais raras. Efectivamente não se pode ser bom numa coisa sem que se goste e se interesse minimamente pela coisa.
A maior parte das mulheres conduz como a coisa mais acessória e secundária possível.
Depois havia aquela questão da coordenação motora: enquanto os meninos jogavam e saltavam, desenvolvendo o corpo e a coordenação, as meninas brincavam com bonecas…. Isso ficou provado num estudo haver razoáveis diferenças entre ambos de educação física, coordenação e disponibilidade para coisas como conduzir um carro.
Caro Helder,
Eu não me intitulei de nada. Simplesmente descrevi coisas que gosto num carro num tom divertido. Vergonha é tentar rebaixar os outros sem os conhecer. Uma boa semana para si também
Nunca percebeu nada, ainda se intitula como grande conhecedora da coisa, ganhe vergonha e seja mais humilde.
Na sequência de uma avaria do meu carro automático, o meu seguro deu-me durante 3 dias um mercedes porque era o único automóvel automático disponível 🙂 Durante 3 dias percebi que os carros afinal não são todos iguais e não servem apenas para nos deslocarmos para trabalhar, buscar os putos à escola e ir ao supermercado….Durante 3 dias guiei um avião e foi a única altura da minha vida que fui feliz a guiar!!!
Eu tive a sorte de competir no tempo do Ford Mustangue, Chevrolet Impala, do Ford Taunus 21 M, Opel Record e Comodoro, Corvete, etc.
A jante 17 é só para não bater no lancil.
Numa prova particular em que a FIA não me autorizou a participar, como já tinha o carro inscrito, inscrevi a minha mulher que acabou por ganhar o 1º. prémio Senhoras com o mesmo tempo dos homens.
Sim, de facto há quem valorize um ou outro aspeto em detrimento de outro(s); a ideia que tenho é que quanto mais complicado/equipado, mais depressa se avaria; passa-se o mesmo com computadores, telemóveis, televisões, equipamentos elétricos/eletrónicos, de um modo geral; portanto, quanto mais básico… melhor!!
Eu cá gosto de carros pequenos mas ter uma bagageira grande é bom para conseguir levar as coisas todas da minha princesa de 1 aninho. beijinhos
Gostei dos pontos que salientou e concordo em parte. A minha lista teria outra ordem. É interessante ver uma mulher gostar de carros. não estou a criticar apenas não é muito comum e acho interessante.
Parabéns pela diversidade do blog.